Sunday 11 March 2007

Música, Amor e Morte

Definir "música" é, por demais sabido, impossível e provavelmente inútil. A maior e melhor enciclopédia sobre o tema, o The New Grove Dictionary of Music and Musicians, não possui a entrada "music", e é certo que assim seja. Até hoje, foi do Paulo Gonzales a mais conseguida aproximação que conheci: "Só há duas maneiras de fugir à Morte: através do Amor e através da Música." Poucos o compreendem, raros os conseguem exprimir e apenas um o soube transformar em romance: José Saramago, o único Poeta vivo a par de Umberto Eco, no seu belíssimo "As Intermitências da Morte". Depois dele, nada pode ser dito sobre o assunto que não caia na redundância.
Música é portanto Imortalidade; mas não a imortalidade da memória dos Homens (dos escritos?). Música é o poder de suspender o Tempo, ainda que por um instante, de marcar um momento de forma tão indelével que este se torna eterno e portanto imortal.
Nos últimos meses tive a rara felicidade de ser presenteado com alguns desses momentos atemporais: o primeiro na Igreja de Rates no silêncio que culmina a implosão do Continuum de Ligety; o segundo em Compostela pelo clímax mais bem construído de todos os tempos: o 1º andamento do 5º brandemburguês de J.S. Bach; o terceiro em Boliqueime, quando se extingue o tiquetac do último andamento da cantata fúnebre "Du Aber Daniel" de Telemann e se adormece no sono eterno.
À Ana, à Amandine e ao Pedro: obrigado por compreenderem e por partilharem!

1 Comments:

Anonymous Anonymous said...

Também tu, Pedro, fazes parar o tempo enquanto eu leio o que tu escreves. Cru, simples, verdadeiro.

Um bem-haja!

4 June 2008 at 20:34  

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